
«Querida mana Gretchen, como vi que tinhas o Dr. King na tua lista de referências, achei que nao podias passar sem o poema do Langston Hughes, um mestiço como nós, e bota nós nisso, ou um "preto Americano forte" como diz a Bethânia numa das canções dela que eu gosto (até porque no fundo somos todos pretos). Para os que não sabem, Hughes é uma das vozes mais importantes da chamada Harlem Renaissance, um período da história dos Estados Unidos (anos 1920) em que um grupo de escritores afro-americanos liderou um movimento de expressão artística que antecipou de alguma forma o movimento dos Civil Rights nos anos 1960. Para quem acredita na revolução que é a igualdade (de cores, de orientações, de identidades), Hughes é buéréré de essencial e incontornavél (ah, como Hughes "entenderia" buéréré...). I dig him anytime, any day, anywhere. Assim escreveu ele:
What happens to a dream deferred?
Does it dry up
Like a raisin in the sun?
Or fester like a sore--
And then run?
Does it stink like rotten meat
Or crust and sugar over--
Like a syrupy sweet?
Maybe it just sags
Like a heavy load.
Or does it explode?
Da tua mana Gretzel (o Filipe de Bruxelas, que se esforçou para escrever acentos neste teclado francês...)»
1 comentário:
Luís Filipe Amorim aka mana Gretzel, um enorme beijinho pela partilha de tão refinada e mulata escolha literária.
E perguntarão: por que razão o Luís Filipe me chama mana Gretzel?
Era nós umas jovens, algures na primeira metade dos anos 1990, quando me travesti pela primeira vez para ir a uma festa a casa do Zé Manel e do Luís Filipe.
Fizemo-nos manas imediatamente, ou não fôssemos mulatas e muito parecidas – diziam-nos! Saímos juntas para o Bairro Alto de vestido e peruca. Gretchen e Gretzel foram os nomes por nós escolhidos.
Por incrível que pareça, só depilei os braços e o peito do umbigo para cima com crème depilatório. Ao que um vestido com cava à americana da minha irmã me obrigou. Quando cheguei a casa tinha o algodão, que fazia as vezes de uns peitos minúsculos todos, tingido de sangue. Lembras-te mana Gretzel?
E os olhares reprovatórios quando me despi no balneário no dia a seguir.
Agora virou moda os homens depilarem tudo e mais alguma coisa, quer se sejam gays ou não… MCM
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